Quantcast
Channel: ACESSEMED :: O Blog do Médico » câncer
Viewing all articles
Browse latest Browse all 27

O comportamento humano diante das doenças terminais

$
0
0

DA REDAÇÃO

POR SAMANTHA MORAES MOREIRA*

*Samantha Moraes Moreira é psicóloga em Vitória da Conquista-BA e região

*Samantha Moraes Moreira é psicóloga em Vitória da Conquista-BA e região

Só é possível fazermos referência à saúde de uma pessoa se tivermos condições de avaliar suas emoções, seu nível de estresse, suas frustrações, a forma com que ela lida com as respostas que a vida lhe impõe, se ela tem ou não motivação (motivos para ação), e, principalmente, se ela continua “sonhando”.

O ser humano sofre de diversas formas. Algumas até imperceptíveis. E, quando não consegue exprimir com palavras suas mazelas interiores, o corpo é castigado.

É impossível para nós separar a cabeça, nosso “grande mestre”, do coração.
Nem nos separarmos da casa onde moramos, do nosso trabalho, das expectativas que criamos a todo momento e que, por muitas vezes, não são correspondidas.

As pessoas do ponto de vista de sua personalidade, não só são mal ajustadas emocionalmente, como fisicamente e têm mais chances de adoecer.

Durante muitos anos se admitiu a influência de fatores emocionais no surgimento e no crescimento de tumores.
Estudos antigos chegaram a afirmar que a depressão, a ansiedade profunda, as esperanças desfeitas e os desapontamentos estavam intimamente ligadas ao aparecimento do câncer.

Realmente, algumas pessoas, ao perderem entes queridos, não suportam a dor e a saudade e passam inconscientemente a rejeitar a vida e criar dentro de si um desejo oculto de morte.

São pessoas portadoras de uma dependência psíquica, funcional, do outro, caracterizando-se ao mesmo tempo por uma “falta de vigor” e uma necessidade viscosa do objeto.

Nessa mesma linha, em pacientes com doença terminal, percebemos que nelas existe, escondida em aparente autosuficiência, uma grande fragilidade, como se fossem guerreiras que abriram mão de suas fantasias, de seus sonhos e de seu direito de serem felizes. Com isso, suprimiram seus sentimentos e, por vezes, já não mais os reconhecem.

Então, observamos que o equilíbrio exigido para a obtenção da saúde, nesses casos, fica severamente enfraquecido. Perde-se o contato com o mundo interno, suas necessidades e o viver é um cotidiano infindável, uma rotina a ser cumprida, um alheamento da vontade própria.

Nessa esteira, surge a relação evidente entre o estresse e a doença. Durante anos, os médicos puderam observar que há maiores possibilidades de ocorrerem doenças após acontecimentos altamente estressantes na vida das pessoas.

Muitos já constataram que, quando seus pacientes sofrem de dores emocionais, há um aumento, não apenas das doenças já reconhecidamente suscetíveis à influência emocional, como úlceras, doenças cardíacas, dores de cabeça, etc., mas também de doenças infecciosas, dores lombares e mesmo maior propensão a acidentes.

É a condição psicológica acarretando repercussões somáticas.

Pesquisas atuais também confirmam as diferenças substanciais de taxa de incidência do câncer em pacientes com diversos tipos de problemas mentais e emocionais.

Os dados apontam para conexões significativas entre estados emocionais e doenças, constatando assim, a influência do estresse mental e emocional nas defesas do organismo.

Evidenciamos que a quantidade de estresse emocional causado por fatores externos, depende da maneira como o indivíduo interpreta ou lida com eles.

Nem mesmo os pesquisadores podem prever doenças a partir da quantidade de eventos estressantes da vida de uma pessoa. Muitas, simplesmente, não adoecem, mesmo que recebam grandes cargas de estresse, ou seja, nem todos reagem de forma semelhante a fatores externos.

Os nossos padrões de comportamento estabelecem uma orientação ou posição em relação à vida e existem indicações de que diferentes tomadas de posição podem estar associadas a certas doenças.

Ter a personalidade mais ou menos introvertida, sofrer ou não perdas importantes ou ter a vida mais ou menos estressante, não quer dizer que se vai ficar doente ou ser sadio para sempre.


Viewing all articles
Browse latest Browse all 27